Fui privada do contato com a alma no instante em que o sangue do sonho deixou de fluir pelas mãos. Optei instintivamente pelas amarras às quais estou atada, por isso padeço do mal dos males: existo. Já não sou.
Perdi o gosto pelo abismo que, sendo todo vazio, preenchia com possibilidades. Sólida e pesada, disforme, não posso voar.
Recebo, com o conformismo, a mediocridade livre e desesperançada; uma nova liberdade descompromissada e leve.
Sendo menor, talvez flutue. Talvez as ondas me levem à aridez, distante das águas em que habituei-me a mergulhar.