Talvez não tenha José dito isto, mas escrevo-o eu agora: graças aos livros e às pessoas que eles contêm, podemos evitar a sensação de orfandade e solidão que tantas vezes nos espreita. Sabendo dos outros que foram, de um passado que por abrir um livro se torna presente, podemos reconhecer-nos a nós próprios, ao mesmo tempo que nos situamos numa comunidade de conhecimento que nos justifica e dignifica.
Excerto do Diário de Viagem de Pilar (del Río), no quarto volume dos Cadernos de Lanzarote, de José Saramago