20 de fev. de 2014

"Dançar ultrapassa qualquer obstáculo da vida"


sou naturalmente desesperançosa (ou realista?) em relação ao que a maioria das pessoas faz da dança, sobretudo nas chamadas academias de dança, onde perpetuam-se ideais inatingíveis via caminhos mal executados - que acabam por gerar insatisfação - e transmitem-se sequências de movimentos sem nenhum propósito, muitas vezes nem sequer o prazer estético proposto pela técnica. dançar é humano. como diz Klauss Vianna, "enquanto você não tem um ser humano você não tem um bailarino", e o professor de dança "é um parteiro que tira de dentro do aluno aquilo que ele tem para dar". somos todos corpos dançantes. pensar o corpo e a dança não deve ser privilégio daqueles que almejam as luzes do palco ou o mais alto grand jeté.

abaixo, um vídeo lindo, com depoimentos de gentes lindas - tem até a Renée Gumiel, um dos meus grandes amores - com um tributo a um grande bailarino que nos convida a (re)pensar a dança.
agradeço ao Vitor Daneu por compartilhar o presente.







14 de fev. de 2014


... o que não nos traz exaltação e alegria é sempre profundo e mais real. 
A solidão não é um clima que se possa compensar ou destruir. Livros, imagens, o espírito das criaturas mortas, não dão qualquer conforto, apenas distraem. Estar realmente só não comporta uma distracção; é melhor mergulharmos na paz terrível de estar só, sem um único desejo, nem que ele signifique uma virtude. De resto, os livros que eu escolheria num momento de mais funda solidão, por exemplo, A morte de Ivan Ilitch, serviria não para amenizar, mas para agravar mais. Creio que não é pessimismo o facto de aceitar o pior.


Nas páginas 62 e 63 do Caderno de Significados, da Agustina Bessa-Luís