14 de fev. de 2014


... o que não nos traz exaltação e alegria é sempre profundo e mais real. 
A solidão não é um clima que se possa compensar ou destruir. Livros, imagens, o espírito das criaturas mortas, não dão qualquer conforto, apenas distraem. Estar realmente só não comporta uma distracção; é melhor mergulharmos na paz terrível de estar só, sem um único desejo, nem que ele signifique uma virtude. De resto, os livros que eu escolheria num momento de mais funda solidão, por exemplo, A morte de Ivan Ilitch, serviria não para amenizar, mas para agravar mais. Creio que não é pessimismo o facto de aceitar o pior.


Nas páginas 62 e 63 do Caderno de Significados, da Agustina Bessa-Luís