18 de mai. de 2013

bastam duas ou três palavras sobre a angústia ou o desespero para receber, do alto das nuvens imaginárias, respostas com lições, diretas ou veladas, de bom-mocismo, ascensão, previsões de castigo ou outras bibliosidades atrozes.


ninguém está a salvo quando foge.
ninguém pode me salvar de mim.

saboreio o caos e vou a passos lentos sob a chuva forte, exposta aos raios que podem transformar em morte tudo aquilo que atravessam em estado de luz.não me interesso por promessas porque me satisfaço no presente. o marasmo, essa asfixia oceânica, nunca me interessou.

faz alguns dias que li um discurso em que Saramago dividiu seus romances em estátua e pedra: observação e questionamento. penso que as palavras talvez sejam variações de solo; estar sob o solo, ser solo e erigir-se sobre ele. as palavras podem ser também o retrato de infinitudes e tempestades. aquele que escreve não busca o reino dos céus, mas encontra a beleza no sangue e nas feridas que aparecem sempre que a fina pele da face é rompida pela aspereza do chão.

não subestime a história dos dilacerados: sobreviver aos ferimentos também é um modo de caminhar.