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sonhei com você, mas você não era você; era um som, um quase música que adoçava o espaço. eu podia te ouvir e senti-lo vibrar na superfície da pele. o sonho tinha aroma de jasmim e estávamos, eu e você-música, em pé sobre pequenas pedras lisas, olhando para o que provavelmente era o horizonte, sentindo a água que não alcançava nossos tornozelos correr entre os dedos e acarinhar os nossos pés. nos mantivemos estáticos, contra a correnteza, mas havia miríades de borboletas em mim. falamos, durante horas ou por dois segundos, sobre a sensação provocada pela água, que era fria. sorríamos para pequenos peixinhos coloridos que brincavam na transparência aquática quando acordei abraçada a uma nuvem, com o mais azul dos céus azuis emoldurado pela janela.