A mulher à beira do rio contempla o passar das dores.
Prostrada diante do passado líquido, torno-me o silêncio das pedras, distanciada do arrependimento granuloso das terras inférteis.
Habituada ao olhar que menospreza as pessoas e cacos que emergem da nem sempre límpida água corrente, tateio com frieza os abismos que há muito existem em mim.
Preencho com vazios as ausências, com violência desmedida todas as formas de grosseria. Torno-me corpo da agressividade realizável através das palavras e desejos. Existir é uma sucessão de batalhas vencidas por heróis incendiários de florestas inutilizadas.
Não desejo-me outra. Sei dos meus humores e tédios. Admiro-me sobretudo pela quase inacreditável resiliência que me torna superior.
Um passo à frente, ignorada pelo ódio, imergiu nas águas do esquecimento.