12 de jul. de 2012
Biblioteca: O Bairro
Me dei as caixas da coleção O Bairro de presente no último Natal. Como as receberia no início do ano, me propus, desde a encomenda, a ler os livros aos poucos - um ou dois por mês. Não aconteceu exatamente assim, mas quase. Devo ter terminado a leitura de todos eles em meados de abril.
Os títulos da coleção homenageiam grandes autores e o bairro construído por Gonçalo M. Tavares não é feito de ruas e avenidas, mas constituído por pessoas-casa. Em cada livro o autor apresenta uma forma de escrever e de raciocinar, algumas inacreditavelmente interessantes e outras maravilhosamente deslumbrantes. Embora eu tenha cinco ou seis favoritos, nenhum dos livros é sequer mediano, todos eles são ótimos. A edição dos livros, as gravuras e capas duras coloridas, os tornam ainda mais desejáveis.
Os livrinhos que compõem a coleção têm poucas páginas, mas nelas as palavras se mostram meios para plurificar. Muitos comentam sobre a capacidade que os livros do Gonçalo M. Tavares têm de inspirar aqueles que produzem arte. Acredito que isso seja observado porque o autor quase sempre nos conduz a deliciosas viagens interiores na companhia dos personagens que transformamos em parte de nós - que, como todos eles, somos também palavra.
Durante a leitura dos livros dO Bairro, senti as palavras reverberarem, porque Gonçalo escreve também com e para o corpo. É com prazer que, meses depois, noto que a releitura de trechos dos livros continuam acendendo fagulhas de algo que havia adormecido em mim.
O Bairro do Gonçalo M. Tavares é, definitivamente, um dos lugares onde gosto de morar.
Li por aí que a coleção não foi encerrada e que, em breve, novos moradores virão. Já preparei bolo, chá e abraços, para receber os novos companheiros da vizinhança crescente.
Caixa O Bairro I: O Senhor Valéry, 82 páginas; O Senhor Henri, 98 páginas; O Senhor Juarroz, 64 páginas; O Senhor Breton e a Entrevista, 68 páginas; O Senhor Kraus, 124 páginas - Gonçalo. M. Tavares - Editorial Caminho
Caixa O Bairro II: O Senhor Calvino, 80 páginas; O Senhor Brecht, 65 páginas; O Senhor Eliot e as Conferências, 86 páginas; O Senhor Swendenborg e as Investigações Geométricas, 124 páginas; O Senhor Walser, 48 páginas - Gonçalo M. Tavares - Editorial Caminho