Creio que deveríamos, por vezes, abandonar os autores que consideramos nossos e deixar os livros escritos por eles misturados a outras histórias, de modo que as idéias vindas através da música das palavras sejam postas em movimento e, no transbordamento das páginas, tornem-se parte das nossas ações. Despertar do sono um autor muito querido é mais que ressuscitar parte da memória ou colocar-se em permanente estado de encanto - e, embora menos festivo aos olhos dos outros, é mais surpreendente que qualquer efeito de mágica, porque é real. Conhecer novas palavras vindas dos que escreveram nossos livros favoritos é resgatar parte da beleza que atravessa nossas vidas e desejar novas boas vindas àquilo que nos constitui. Reencontrar as palavras de um autor amado é renovar os votos eternos que nos comprometem com o amor próprio. É um modo de, retornando ao vocabulário e às formas admiradas, recuperarmos e trazermos à luz a melhor parte de nós.