8 de jul. de 2013

incinerados

é sempre mais difícil do que parece, e eles, porque não sabem, não têm culpa. não alimentaram o ódio porque estavam privados da plenitude das capacidades mentais. donos de afetos inconsistentes, imergiram no inverno que alimenta o vazio e, movidos pelo medo do ressentimento, que não é deles porque me pertence, refocilaram no tempo presente. o passado pertence à melancolia que a longa distância acentua, não é lugar para entregar os corpos à diversão. a vida transporta e transfere o peso que nos reúne no entorno da fogueira em que somos queimados. talvez sejamos condenados pelos momentos em que não soubemos entrelaçar nossos dedos aos dedos de outras mãos. e nós nunca soubemos. não sabemos. eu também não sei o que eles não sabem. eles não têm culpa e eu também não.