Uma coreografia inspirada na performance que minha colega, atriz, fez com chocalhos, cordões e pedras, e também na experiência da bailarina que se equilibra em facas ao dançar sobre o piano de cauda. Sem sapatilhas, piano ou tutu, porque não preciso ser clássica ou delicada. Minha dança não foi domesticada, não sou sou frágil. A tarefa inicial é descobrir um modo de manejar as facas sem que elas provoquem acidentes graves; como dançar entre lâminas sem prejudicar a beleza do movimento, ainda que os ferimentos provoquem dor.
Como sobreviver à dança entre objetos sinistros?
Talvez seja a grande pergunta, a maior de toda a minha existência. Cuidar dos cortes mais ou menos profundos que atravessam a pele e proteger os órgãos vitais é o que tenho feito desde o primeiro plié.